terça-feira, 27 de novembro de 2007

Celebração do Dia Internacional da Filosofia - uma leitura

Celebrou-se no dia 15 de Novembro o Dia Internacional da Filosofia, instituído pela Unesco em 2002 como forma de combater uma tendência internacional de
desvalorização desta área e de salientar a sua importância na promoção do pensamento crítico. Comungando dos mesmos propósitos, o grupo disciplinar de Filosofia associou-se a esta celebração, desenvolvendo algumas actividades abertas á comunidade escolar e que tiveram a criativa colaboração do grupo de Artes.
As aulas de Filosofia deste dia foram inteiramente dedicadas a uma “Reflexão sobre a importância de aprender a filosofar” orientada com um plano de aula que tinha em vista promover a discussão e o debate em torno de uma questão aglutinadora - “podemos hoje matar a filosofia?”
Registamos a conclusão deste trabalho apresentada pelos alunos, Cláudio Belo, João Saial e Jorge Terrinca da turma D do 10º ano:
“Tanto o bobo desta história como a Filosofia, libertam as pessoas de preconceitos abrindo fronteiras e dando a todos uma nova e intrigante forma de pensar acerca de um certo assunto. Assim como fez o bobo, a Filosofia oferece a todos uma liberdade incondicional para pensarem o que quiserem deixando de parte os pensamentos dogmáticos.
Ao filosofar nós damos asas à curiosidade, mas tentamos, ao mesmo tempo, saciá-la, o que desenvolve o conhecimento e o saber.
Este “homem” era dogmático e não queria libertar-se dos seus pensamentos. Quando o bobo cortou a corda que o mantinha ligado a tal forma de pensar, deixou o homem literalmente livre para questionar os seus sentimentos. No entanto, como isso estava contra as suas crenças e convicções habituais, resolveu matar o bobo para desta forma continuar “prisioneiro” da sua realidade.
Depois de discutir e reflectir sobre a questão colocada “podemos hoje matar a filosofia?”, concluímos que numa sociedade consumista como a em que vivemos, é verdade que não temos muito tempo para filosofar. Mas, por outro lado, esta mesma sociedade obriga-nos a levantar questões, a tentar encontrar respostas para perguntas, a estimular as nossas mentes e a nunca perder a sagrada curiosidade. Ao matar a Filosofia estávamos a perder tudo isto e muito mais.
A Filosofia não se mata porque não se pode matar a Liberdade.”

segunda-feira, 26 de novembro de 2007

DISCURSO RETÓRICO-ARGUMENTATIVO – EM DEFESA DA DESOBEDIÊNCIA CIVIL

Extracto de uma carta enviada por Marthin Luther King aos membros do clero da sua Igreja, quando se encontrava preso por ter liderado acções de desobediência civil, em defesa dos direitos humanos e civis contra leis e práticas racistas.

«Queridos irmãos,

Enquanto confinado na cadeia da cidade de Birmingham, deparei-me com as vossas recentes declarações definindo as nossas presentes actividades como “insensatas e desatempadas”. (...)
Penso que devo explicar-vos a razão da minha presença em Birmingham, dado terem sido influenciados pelo argumento de que somos “estranhos que para aqui vieram” desestabilizar.
Tenho a honra de servir como presidente da Conferência dos Líderes Cristãos do Sul, uma organização que opera em todos os estados sulistas. (...) Há vários meses atrás, a delegação local de Birmingham convidou-nos para estarmos preparados para sermos envolvidos num programa de acção directa não violenta, se tal fosse considerado necessário. Demos o nosso total assentimento e, quando a hora chegou, cumprimos com a nossa promessa. Portanto, aqui estou, juntamente com vários outros membros da minha equipa, porque fomos convidados para aqui estar. Porque temos obrigações institucionais aqui.
Para além disso, se estou em Birmingham, é porque a injustiça também cá está. Assim, e tal como os profetas do séc. VIII deixaram as suas pequenas cidades e levaram a palavra do Senhor muito além das suas fronteiras, e tal como o apóstolo Paulo deixou a sua pequena cidade de Tarsus e levou o evangelho de Jesus Cristo a praticamente toda a vila e cidade do mundo greco-romano, também eu me sinto compelido a levar o evangelho da Liberdade para além das fronteiras da minha cidade natal. (...)
Mais do que tudo, estou consciente das inter-relações que existem entre as comunidades e estados. Não posso manter-me em Atlanta indiferente ao que se passa em Birmingham. A injustiça – em qualquer lado – é uma ameaça à justiça – em todo o lado. (...) O que quer que afecte um de nós directamente, afecta-nos a todos indirectamente. Não mais nos podemos dar ao luxo de viver com a ideia estreita e provinciana do “agitador estrangeiro”. Um cidadão dos Estados Unidos não pode ser considerado um estrangeiro seja em que parte for deste país.
(...)
Em qualquer campanha não violenta existem quatro passos básicos: (1) Recolha dos factos para determinar se estamos na presença de injustiça. (2) Negociação. (3) Auto-purificação e (4) Acção Directa. Demos todos esses passos em Birmingham. N~so existe margem para dúvidas em afirmar que a injustiça social perpassa toda esta comunidade. Provavelmente, Birmingham é a cidade mais segregada dos Estados Unidos. O seu horrível recorde de brutalidade policial é conhecido em todo o país. O seu tratamento injusto dos negros nos tribunais é uma realidade notória. O número de casos não resolvidos de ataques violentos sobre lares e igrejas de negros em Birmingham é o maior de toda a Nação. Estes são factos brutais e inacreditáveis. Com base nestas condições, os líderes negros tentaram negociar com os responsáveis da cidade. Mas as autoridades políticas, de forma consistente, recusaram envolver-se em qualquer negociação de boa-fé. (...) Ficámos sem outra alternativa excepto a de nos prepararmos para a acção directa, através da qual usaríamos os nossos próprios corpos como o meio de apresentarmos o nosso caso perante a consciência da comunidade local e nacional. Não estávamos inconscientes das dificuldades que nos aguardavam. Portanto, decidimos avançar com um processo de auto-purificação. Começamos a realizar “workshops” sobre a não-violência e a perguntarmo-nos repetidamente as seguintes questões: “Estamos prontos para aceitar os golpes sem retaliar?”, “Estamos prontos para aguentar as agruras da prisão?”. (...) Então, ocorreu-nos que se aproximavam as eleições em Março e decidimos adiar a nossa acção para depois das eleições. (...)
Isto revela que não avançamos irresponsavelmente para acção directa. (...) Podem perguntar: “Porquê a acção directa?” “Porquê os sit-ins, as marchas, etc.?” “Não será a negociação um melhor caminho?” Estão absolutamente certos sobre o argumento da negociação. Na verdade, é esse o objectivo da acção directa. A acção directa não violenta procura criar uma tal crise e uma tal tensão criativa que obrigue uma comunidade que constantemente recusa a negociação a ser forçada a confrontar a questão. Pretende dramatizar esta questão até um ponto em que não possa continuar a ser ignorada. (...)
Um dos pontos básicos da vossa argumentação é o de que as nossas acções são desatempadas. (...) Meus amigos, tenho que vos dizer que não alcançamos um único progresso nos direitos civis sem fortes pressões legais e não-violentas.
Sabemos, através de dolorosa experiência, que a liberdade nunca é voluntariamente concedida pelo opressor. Ela deve ser exigida pelos oprimidos. (...) Há anos que ouço a palavra “Esperem!” Ela soa nos ouvidos dos negros com familiar agudeza. Este “Esperem!” quase sempre quer dizer “Nunca”. Temos de nos aperceber (...)que a justiça muito tempo adiada, é justiça negada. (...) Se calhar é fácil para aqueles que nunca sentiram os dardos penetrantes da segregação dizer “Esperem”. Mas, quando vimos multidões viciosas a linchar as nossas mães e os nossos pais com total impunidade; (...) quando vimos polícias cheios de ódio a pontapear, brutalizar até matar os nossos irmãos e irmãs negros com total impunidade; quando vimos a vasta maioria dos nossos 20 milhões de irmãos negros sufocados numa jaula estanque de pobreza rodeada por uma sociedade de abundância e riqueza; (...) quando o nosso primeiro nome passa a ser “escurumba”, o nome do meio “rapaz” (independentemente da idade) e o último “John” (...), então compreenderão que se torna difícil esperar. Chega uma altura em que o “copo” da paciência transborda e não mais os homens suportam ser lançados no abismo da injustiça (...) Espero, senhores, que possam perceber a nossa legítima e inevitável impaciência.
Vós expressais, igualmente, uma grande ansiedade pelo facto de estarmos dispostos a quebrar as leis. Seguramente, essa preocupação é legítima. Se nós, de forma diligente, incitamos as pessoas a obedecer à decisão de 1954 do Supremo Tribunal, banindo, banindo a segregação das escolas públicas, é estranho e paradoxal que estejamos, conscientemente, a desobedecer a outras leis. Qualquer um pode colocar a questão de saber “como podem defender que se desafiem certas leis e ao mesmo tempo que se obedeça a outras?” A resposta encontra-se no facto de existirem dois tipos de leis: as leis que são justas e as que são injustas. Aqui tenho de concordar com São Agostinho, quando ele afirma que “uma lei injusta não pode ser considerada lei.”»

M. Luther King, “Why we can' t wait”

Actividade: analise o texto, tendo em consideração os seguintes parâmetros:

O tema e a tese defendida;
Referências que conferem credibilidade ao orador;
Argumentos apresentados;
Relação entre os argumentos e o “pathos” do auditório;
Antecipação das objecções à tese;
Refutação das objecções;
Conclusão.

quarta-feira, 21 de novembro de 2007

Poesia ou Filosofia?

Morre lentamente quem se transforma em escravo do hábito,
repetindo todos os dias os mesmos trajectos,
quem não muda de marca,
não arrisca vestir uma cor nova
e não fala com quem não conhece.

Morre lentamente quem faz da televisão seu guru.
Morre lentamente quem evita uma paixão,
quem prefere o negro ao invés do branco
e os pingos nos iis a um redemoinho de emoções,
exactamente o que resgata o brilho nos olhos,
o sorriso nos lábios e coração aos tropeços.

Morre lentamente quem não vira a mesa quando está infeliz no trabalho,
quem não arrisca o certo pelo incerto para ir atrás de um sonho.

Morre lentamente quem não se permite,
pelo menos uma vez na vida,ouvir conselhos sensatos.

Morre lentamente quem não viaja, não lê, quem não ouve música,
quem não encontra graça em si mesmo.

Morre lentamente quem passa os dias queixando-se da sua má sorte,
ou da chuva incessante.

Morre lentamente quem destrói o seu amor-próprio,
Quem não se deixa ajudar.

Morre lentamente quem abandona um projecto antes de iniciá-lo,
Nunca pergunta sobre um assunto que desconhece e nem
responde quando lhe perguntam sobre algo que sabe.

Evitemos a morte em suaves porções,
recordando sempre que estar vivo
exige um esforço muito maior que o simples ar que respirámos.

Somente com infinita paciência conseguiremos a verdadeira felicidade.

Pablo Neruda

Psicologia: as relações precoces

Uma crónica sobre as relações familiares, nomeadamente as relações pai-filho, na sociedade portuguesa actual. Sugere-se a leitura sobretudo para os alunos da disciplina de Psicologia B. Podendo-se comparar com o texto da página 130 do manual "ser Humano" sobre o mesmo tema.

Para ler em http://dn.sapo.pt/2007/11/21/opiniao/pequena_cronica_banal.html

quarta-feira, 14 de novembro de 2007

Dia Internacional da Filosofia


Na Escola Secundária D. Sancho II
o dia internacional da Filosofia só
passa despercebido para os menos
atentos.

terça-feira, 6 de novembro de 2007

Argumentação e retórica

Argumentação e retórica

Quem é o bobo?




A Caverna...
talvez seja a mesma caverna...
e a alegoria uma metáfora de tradução universal.
A verdadeira morte da Filosofia só acontece aos que a querem matar.